Vivências dos enfermeiros no cuidar a criança em fim de vida e a família: estudo descritivo-exploratório
Palavras-chave:
Cuidados Paliativos, Fim de vida, Criança, Família, EnfermeirosResumo
Apesar dos avanços tecnológicos no diagnóstico e tratamento das doenças pediátricas, a morte na infância é uma realidade persistente. A evidência nacional retratada nos serviços de pediatria dos nossos hospitais reforça a urgência de existirem Cuidados Paliativos Pediátricos. O objetivo deste estudo é compreender as implicações do cuidar da criança em fim de vida e família para os enfermeiros numa unidade de Pediatria. Quanto às estratégias metodológicas, optou-se por uma abordagem qualitativa, por um tipo de estudo descritivo-exploratório, sendo utilizada como instrumento de recolha de dados a entrevista semiestruturada, procedendo-se ao seu tratamento através da análise de conteúdo. A amostra teórica é constituída por 11 enfermeiros que exercem funções no Serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia do Porto. Os resultados obtidos evidenciam que as vivências do cuidar a criança em fim de vida e a família desperta nos enfermeiros um amplo conexo de sentimentos/emoções e pensamentos
singulares, intrínsecos a uma relação terapêutica significativamente marcada pela consciência da responsabilidade profissional, gratificação de boas memórias e a não-aceitação da morte. Expressam o significado de cuidados paliativos pediátricos, como controlo de sintomas, qualidade de vida e, particularmente, como cuidados não curativos. O significado de fim de vida descrito centra-se na ideia de morte orgânica/física e no descontrolo da doença.
Downloads
Referências
American Academy of Pediatrics (2000). Committee on Bioethics and Committee on Hospital Care. Palliative care for children. Pediatrics, 106, 351-357.
Bardin, L. (2009). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70.
Contro, N.A., Larson J., Scofield S., Sourkes B. & Cohen H.J. (2004). Hospital staff and family perspectives regarding quality of pediatric palliative care. Pediatrics, 114(5), 1248-52.
Coutinho, C.P. (2011). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática. Coimbra: Almedina.
Feudtner, C., Kang, T.I., Hexem, K.R., Friedrichsdorf, S.J., Osenga, K., Siden, H., Friebert, S.E., Hays, R.M., Dussel, V. & Wolfe, J. (2011). Pediatric palliative care patients: a prospective multicenter cohort study. Pediatrics, 127(6), 1094-1101.
Field, M., & Behrman, R. (2003). When children die: improving palliative and end-of-life care for children and their families. Washington DC: National Academies Press.
Goldman, A., Frager, G. & Pomietto, M. (2003). Pain and palliative care. In Schechter, N.L., Berde, C.B. & Yaster, M., Pain in infants, children, and adolescents. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins.
Gwyther, L., & Cohen, J. (2009). Introduction to Palliative Care, In: Legal Aspects of Palliative Care, Hospice palliative Care Association of South Africa, 2-6. Retrieved from http://www.osf.org.za/File_Uploads/docs/Legal_Aspects_of_Palliative_CareEntire_book.pdf.
Gwyther, L.; Brennan, F.; Harding, R. (2009). Advancing palliative care as a human right. Journal Pain Symptom Manager, 38, 767–774.
Haddad, D.R.S. (2006). A morte e o processo de morrer de crianças em terapia intensiva pediátrica: vivência do enfermeiro (Dissertação de Mestrado não publicada). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Knapp, C., Woodworth, L., Wright, M., Downing, J., Drake, R., Fowler-Kerry, S., Hain, R. & Marston, J. (2011). Pediatric Palliative Care Provision Around the World: A Systematic Review. Pediatric Blood Cancer , 57, 361–368.
Lenton, S., Goldman, A., Eaton N. & Southall, D. (2006). Development and Epidemiology. In Goldman, A., Hain, R. & Liben, S. (eds.), Oxford Texbook of Palliative Care for Children. Oxford: University Press.
Malloy, P., Ferrell, B., Virani, R., Wilson, K., & Uman, G. (2006). Palliative care education for pediatric nurses. Pediatric Nursing, 32(6), 555-61.
Marques, A., Santos, G., Firmino, H., Santos, Z., Vale, L., Abrantes, P., Barata, P., Moniz, M., Amaral, A., Galvão, M., Clemente, V., Pissarra, A., Albuquerque, G., &., Morais, I. (1991). Reações emocionais à doença grave: Como lidar. Coimbra: Edição Psiquiatria Clínica.
Osswald, W. (1999). A Morte Anunciada. Cadernos de Bioética, 21.
Poles K, & Bousso R (2004). A enfermeira e a família no processo de morte da criança: evidências do conhecimento. Revista Sociedade Brasileira Enfermeiros Pediatras, 4(1), 11-18.
Polit, D. F. & Beck, C. T (2011). Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de evidências para a prática da enfermagem (7ª Ed.). Porto Alegre: Artmed.
Sapeta, P., & Lopes, M. (2007). Cuidar em fim de vida: factores que interferem no processo de interacção enfermeiro – doente. Revista Referência, 4, 35-57.
Vilelas, J. (2009). Investigação. O Processo de Construção do Conhecimento. Lisboa: Edições Silabo.
Watson, J. (2002). Enfermagem: ciência humana e cuidar. Uma teoria de enfermagem. Loures: Lusociência.
Wolfe, J., Klar, N., Grier, H., Duncan, J., Salem-Schatz, S., Emanuel, E. & Weeks, J.C. (2000). Understanding of prognosis among parents of
children who died of cancer: impact on treatment goals and integration of palliative care. JAMA, 284(19), 2469-2475.
World Health Organization (1998). Cancer Pain Relief and Palliative Care in Children. Geneva: Author
Zorzo, J. 2004. O processo de morte e morrer da criança e do adolescente: vivencias dos profissionais de enfermagem (Dissertação de Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2017 Ana Real , Manuela Cerqueira , Teófilo Sousa
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0.