O risco oncológico e a história da saúde na época contemporânea: O caso português no contexto mundial (1889-1939) [parte I]
DOI:
https://doi.org/10.31877/on.2011.16.02Palavras-chave:
história, cancro, teorias, risco oncológicoResumo
Desde finais do século XIX que a doença oncológica começou a assumir um lugar de progressivo destaque nas políticas de saúde pública das sociedades ocidentais. O discurso médico assente no emergente risco oncológico formatou o movimento mundial que mais tarde viria a ser englobado pela designação genérica de “luta contra o cancro”. Através de uma breve análise histórica, é possível detectar os ecos que o “risco do cancro” teve em Portugal, e de que modo se fizeram sentir.
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Referências
Cf. SILVA, Júlio Joaquim da Costa Rodrigues da - “O Imaginário Social das Epidemias em Portugal no Século XIX.” Lusíada. Série II,
n.º 1 (2004), p. 95-125.
Cf. BOMBARDA, Miguel – “Pasteur” A Medicina Contemporanea. Ano 13. N.º 40 (1895), p. 314-323, e MARTINS, José Thomás de Sousa – Commemoração de Louis Pasteur – Discurso feito na Sociedade das Sciencias Médicas de Lisboa em sessão de 12 de Outubro de 1895. Lisboa: Tipografia Castro Irmão, 1895.
D. António de Lencastre cit. por Silva Carvalho, in A Medicina Contemporânea. Ano V. N.º 7 (13 de Fevereiro de 1887), p. 51.
O microbio do cancer.” Ano V. A Medicina Contemporânea (1887), p. 86 - 87.
Cf. “Os microbios dos tumores malignos.” Ano V. A Medicina Contemporânea. (1887), p. 403- 404.
Médico higienista portuense, é justamente considerado o pioneiro da saúde pública em Portugal. Em 1885 publicou um tratado onde define a política higienista a implementar em Portugal. Inaugurava-se dessa maneira uma nova era da saúde pública no país, mais de quarenta anos depois de Edwin Chadwick (1800-1890) publicar o Relatório sobre as Condições Sanitárias da População Trabalhadora na Grã-Bretanha, documento que lançara as bases do movimento sanitarista inglês. Cf. JORGE, Ricardo – Higiene Social aplicada à Nação Portuguesa. Conferências de 1884. (A Higiene em Portugal, A evolução da sepultura, Inhumação e cemitérios. A cremação) 1885.
Cf. a investigação de Carlos França sobre o cancro no seu artigo de 1918, devidamente explanado em MIRA, M. B. Ferreira de – Notice sur l`oeuvre de Carlos França. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1927.
ROCHA, José da – Breve estudo sobre lymphadenoma. Dissertação inaugural. Porto: Typographia Universal (a vapor), 1904, p. 50.
Cf. “Haverá casas cancerosas?” Porto Médico. 4º Ano. Nº 11 (1907), p. 352.
FILASSIER, A. – “Y a-t-il des maisons cancéreuses?” Gazette médicale de Paris. 15 Août (1907), p. 1.
Cf. MATTOS, Álvaro – “Contribuição para o estudo do microbio de Doyen.” Movimento Médico (1 de Abril de 1905)
Cf. KARWACKI, Léon – Résultats de l`immunisation active contre le micrococcus Doyeni dans le cas de néoplasmes malins. In Porto Médico. 3.º Ano. Nº 4 (1906), p. 127.
Cf. a hipóteses de um “ultra-micróbio” causador do cancro era defendida pelo médico francês Darmendrail, in Boletim do IPO. Vol. 17. N.º 4 (1950), p. 4.
Cf. a hipóteses de um “ultra-micróbio” causador do cancro era defendida pelo médico francês Darmendrail, in Boletim do IPO. Vol. 17. N.º 4 (1950), p. 4.
PARK, Roswell – The nature of Cancerous Process. II Congrès de la Société internationale de Chirurgie. Bruxelles: 1908, p. 321-328.
(Tradução nossa)
Director do Institut du Radium em Paris, entidade que em 1922 se juntaria à Fondation Curie para dar corpo ao primeiro estabelecimento francês de tratamento e pesquisa especializada na luta contra o cancro. Cf. a biografia escrita pelo filho do próprio: REGAUD, Jean – Claudius Regaud. Paris: Maloine, 1982.
Investigador do Instituto Rockefeller em Nova York, mostrou em 1911 que um filtrado livre de células cancerosas podia transmitir
o sarcoma de um galinha a outra. Sobre os trabalhos de Peyton Rous veja-se BÉCLÈRE, Antoine – “Le cancer est-il une maladie virulente?” La Presse Médicale. (8 mai 1935), pp. 737-739.
Cf. MAISIN, J. – Cancer, Radiations, Virus, Environnement. T. II. Paris: 1949, pp. 105-106. Fibiger dedicou-se a provar a existência de um agente neoplásico desde que em 1913 descreveu neoplasias do estômago de murganhos que comeram baratas infectadas com Gongylonema neoplasticum. A reprodução dos seus trabalhos nos EUA não se mostrou conclusiva, mas mesmo assim foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Medicina em 1926 por este estudo.
Cf. BOUVERET, Léon – Essai sur la pathogénie du cancer. Paris: J.-B. Baillière et Fils, 1930.
Foi-nos possível verificar a existência de estudos muito semelhantes, tanto nos métodos como nos objectivos, pelo menos em Portugal, EUA, Alemanha, Holanda, Espanha, Hungria, Suécia e Inglaterra.
Cf. NEVES, João de Azevedo – “O cancro em Portugal”A Medicina Contemporânea. Ano XXIV (1906), pp. 393-401.Porter, K.A., O’Connor, S., Rimm, E. e Lopez, M. Electrocautery as a factor in seroma formation following mastectomy. The American Journal of Surgery. 1998; 176: 8–11.
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