O papel das competências de comunicação não-verbal dos enfermeiros na experiência subjetiva de sofrimento de pessoas com doença oncológica

Autores

  • Liliana Chaves Serviço de Medicina I e EGA, Centro Hospitalar do Médio Ave, Santo Tirso
  • Clara Simães Universidade do Minho, Braga

Palavras-chave:

Cancro, Comunicação Não-Verbal, Empatia, Sofrimento

Resumo

A doença oncológica surge de forma inesperada na vida das pessoas, induzindo um profundo sofrimento que apela à construção de uma relação de ajuda, onde a comunicação não-verbal se afigura como pilar major. Neste âmbito, a investigação ainda é incipiente pelo que neste estudo pretendeu-se analisar o impacto das competências de comunicação não-verbal dos enfermeiros na experiência subjetiva de sofrimento da pessoa com doença oncológica, e ainda, explorar o papel das competências de comunicação empática nessa relação. Recorreu-se a uma amostra de conveniência simples, constituída por pessoas com doença oncológica (N = 84), internadas em hospitais do distrito de Braga. A média das idades é de 60.99 anos (DP = 14.08). O protocolo de avaliação englobou um questionário sociodemográfico e os seguintes instrumentos: Escala de Avaliação da Comunicação Não-Verbal dos Enfermeiros (McIntyre & Lage, 1996); Escala de Avaliação da Comunicação Empática (McIntyre & Lage, 1996); e Inventário de Experiências Subjetivas de Sofrimento na Doença (McIntyre & Gameiro, 1997). Constatou-se um efeito independente da Comunicação Não-Verbal dos Enfermeiros nas Experiências Positivas de Sofrimento na Doença (F (1,82) = 4.02; p<.05; R2
= 3,5%). Verificou-se que níveis mais elevados de Comunicação Empática exibidos pelos Enfermeiros na dimensão Escuta/
Interesse se constituíram preditores significativos de menor Sofrimento Global do doente (F (7,75) =2.91; p ≤. 010; R2 = 14%; β = -.289). A Comunicação Não-Verbal dos enfermeiros apresentou-se preditor significativo da Comunicação Empática percebida pelos doentes (F (6,58) = 18.21; p < .001) explicando 61.7% da variância. A Comunicação Empática Escuta/Interesse exerceu um efeito de mediação na relação entre a comunicação não-verbal dos enfermeiros e o sofrimento do doente (Z = -2.03, p =.042; IC 95% [-.453; -.008]).

Estes resultados reforçam a relevância da comunicação dos enfermeiros e a necessidade de implementar programas promotores das competências de comunicação no contexto oncológico, valorizando a comunicação clínica como estratégia terapêutica na transição positiva de doentes oncológicos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Rodgers, B. L., & Cowles, K. V. (1997). A conceptual foundation for human suffering in nursing care and research. Journal of

Advanced Nursing, 25(5), 1048-1053. doi: 10.1046/j.1365-2648.1997.19970251048.x

Gameiro, M. (1999). O sofrimento na doença : estudo da estrutura dimensional das experiências subjectivas de sofrimento na doença e da relação com outras variáveis biopsicossociais da pessoa doente. Coimbra: Quarteto Editora.

Kissane, D., Bultz, B., Butow, P., & Finlay, I. (2011). Handbook of communication in oncology and palliative care. New York: Oxford University Press.

Barth, J., & Lannen, P. (2011). Efficacy of communication skills training courses in oncology: a systematic review and meta-analysis. Annals of Oncology, 22(5), 1030-1040. doi: 10.1093/annonc/mdq441

McCabe, C. (2004). Nurse–patient communication: an exploration of patients’ experiences. Journal of Clinical Nursing, 13(1), 41-49.

doi: 10.1111/j.1365-2702.2004.00817.x

Lage, I. (1996). A empatia e a comunicação não-verbal nas perspectivas da enfermeira e do cliente. Dissertação de Mestrado, Universidade do Porto.

Dunne, K. (2005). Effective communication in palliative care. Nursing Standard, 20(13), 57-64.

Kahn, D. L., & Steeves, R. H. (1986). The experience of suffering: conceptual clarification and theoretical definition. Journal of Advanced Nursing, 11(6), 623-631. doi: 10.1111/j.1365-2648.1986.tb03379.x

Kahn, D. L., & Steeves, R. H. (1995). The significance of suffering in cancer care. Seminars in Oncology Nursing, 11(1), 9-16.

Gameiro, M. (1998). O sofrimento humano como foco de intervenção de enfermagem. Revista Referência, (0), 5-12.

Jose, P. (2013). Doing statistical mediation & moderation. Nova Iorque: The Guilford Press.

Hayes, A. F. (2009). Beyond Baron and Kenny: statistical mediation analysis in the new millennium. Communication Monographs, 76(4), 408-420.

Hayes, A. F. (2013). Introduction to mediation, moderation, and conditional process analysis: a regression-based approach. Nova Iorque: The Guilford Press.

Preacher, K. J., & Hayes, A. F. (2008). Asymptotic and resampling strategies for assessing and comparing indirect effects in multiple mediator models. Behavior Research Methods, 40, 879-891.

Silva, L., Brasil, V., Guimarães, H., Savonitti, B., & Silva, M. (2000). Comunicação não-verbal: reflexões acerca da linguagem corporal. Revista Latino Americana de Enfermagem, 8(4), 52-58.

Arman, M., & Rehnsfeldt, A. (2006). How can we research human suffering? Scandinavian Journal of Caring Sciences, 20(3), 239-240.

Justo, J. (2014). Uma perspectiva psicológica sobre as doenças oncológicas: etiologia, intervenção e articulações. In M. Dias &

E. Durà (Eds.), Territórios da psicologia oncológica (Vol. I, pp. 51-74). Lisboa: Climepsi Editores.

Kacperek, L. (1997). Clinical non-verbal communication: the importance of listening. British Journal of Nursing, 6(5), 275-279.

Montague, E., Chen, P., Xu, J., Chewning, B., & Barrett, B. (2013). Nonverbal interpersonal interactions in clinical encounters and patient perceptions of empathy. Journal of Participatory Medicine,(5).

Falcone, E. (1999). A avaliação de um programa de treinamento da empatia com universitários. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 1(1), 23-32

Nunes, J. (2010). Comunicação em contexto clínico. Lisboa: BayerHealthCare.

Downloads

Publicado

20-06-2018

Como Citar

1.
Chaves L, Simães C. O papel das competências de comunicação não-verbal dos enfermeiros na experiência subjetiva de sofrimento de pessoas com doença oncológica. Onco.News [Internet]. 20 de Junho de 2018 [citado 23 de Dezembro de 2024];(36):10-9. Disponível em: https://onco.news/index.php/journal/article/view/71

Edição

Secção

Artigos de Investigação

Artigos Similares

<< < 4 5 6 7 8 9 10 11 12 > >> 

Também poderá iniciar uma pesquisa avançada de similaridade para este artigo.